quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Lembranças da infância, heranças de papai, palavras de Vinicius

Praia, livros, nostalgia. E assim se fez meu dia.

 Como um piscar a vida passa por nós e num piscar mais lento ela volta em alguns instantes. Recordei maravilhada o que minha infância querida era proporcionável a mim, entre leituras e poemas, o mais querido de todos era o "livro do amor", era amarelado, com folhas pregadas e quase soltas, sem capa e sem titulo, ainda sim, eu o amava, livros assim nunca são dados, eles são herdados. Herdados de histórias, sentimentos, pensamento e vida. E que honra a minha de herda, tão nova, um dos maiores encalços da poesia. Recordações. Uma das melhores classificações do hereditário, meu pai além de um bom conhecedor de bossa, também um bom conhecedor de poesias, além de ler as mais bonitas, compunha igualmente, fielmente em livros, o que as tornava ainda mais vivas. Sua juventude era brilhante e seu reflexo hoje ainda espelha seu ar juvenil a quem o encontra. Em meio as fases de ciclo, me perdi. Perdi meus queridos, perdi meus refugios, perdi minha licita e vigorosa aura embrasada do livro, até então, te encontrar novamente, Vinicius.


"A medida do abismo

Não é o grito 
A medida do abismo? 
Por isso eu grito 
Sempre que cismo 
Sobre tua vida 
Tão louca e errada... 
- Que grito inútil! 
- Que imenso nada! "


"O mosquito
Parece mentira 
De tão esquisito: 
Mas sobre o papel 
O feio mosquito 
Fez sombra de lira!"

" Poética ( II ) 

Com as lágrimas do tempo
E a cal do meu dia
Eu fiz o cimento
Da minha poesia. 

E na perspectiva
Da vida futura
Ergui em carne viva
Sua arquitetura. 

Não sei bem se é casa
Se é torre ou se é templo:
(Um templo sem Deus.)
Mas é grande e clara
Pertence ao seu tempo
- Entrai, irmãos meus! "

Hoje só tenho a agradecer ao Vinicius, por fazer das memórias, não só passado, mas todos os dias. Fazer do agora a eternidade.

 G.F.

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